Dicas e receitas da culinária vegan

O primeiro

Um comentário
Eu disse que novidades estavam vindo e como prometido a primeira delas é a nova sessão de Entrevistas. De tempos em tempos vocês terão acesso a perguntas e respostas sobre veganismo e culinária. Sempre que eu puder eu trarei pessoas inspiradoras para auxiliar nossa caminhada.
Para dar início eu convidei a minha musa vegana, a sra. Papacapim: Sandra Guimarães! Todos vocês já lerem sobre a Sandra por aqui, todas sabem que ela é uma inspiração pra mim e para muitos veganos. Você pode ler algumas informações que eu escrevi sobre o site dela aqui ou acessem diretamente o Papacapim.

ENTREVISTA - SANDRA GUIMARÃES, Papacapim 

Essa é a Sandra, gente!

1. Resumidamente, fale um pouco de você. Quem você é, de onde você veio, aonde está e o que faz. 
Se eu tivesse que me definir em cinco palavras, eu diria: mulher, ativista, vegana, feminista e cozinheira. Eu nasci em Natal, onde morei até os vinte anos. Depois fui morar em Paris, onde fiz faculdade de linguística. Aos vinte e seis me mudei pra Palestina e passei cinco anos lá, trabalhando como voluntária nos campos de refugiados e fazendo vários tipos de atividades ligadas à culinária vegetal e ao ativismo pelos direitos humanos. Deixei a Palestina no ano passado e atualmente moro em Bruxelas. Aqui eu organizo oficinas de culinária vegetal e trabalho como chef a domicílio. Criei meu blog, Papacapim, no início de 2010 e desde então, paralelo a tudo que acontece na minha vida, divido receitas e histórias com meus leitores. E sempre que posso dou palestras sobre veganismo e sobre as violações dos direitos humanos na Palestina.


2. O que o veganismo significa para você? E o que o veganismo pode proporcionar ao mundo?
Pra mim o veganismo é uma prática ativa e diária que me ajuda a ser uma pessoa mais consciente, responsável e gentil. Ele foi a maneira que encontrei de alinhar a maneira como me alimento com meus valores éticos. Eu sempre digo que ser vegana me dá a oportunidade de praticar a responsabilidade e a compaixão três vezes por dia e acredito que é exatamente isso que o veganismo pode proporcionar: um mundo com mais responsabilidade e compaixão, tanto com animais humanos quanto não-humanos.


3. Falando um pouco do seu blog, de onde você tira tanta inspiração para criar receitas?
Parece que quando você trabalha com criação, a inspiração aparece por todos os lados. Pelos menos isso é verdade pra mim.  Eu leio vários blogs/sites de culinária e adoro livros de receitas, que leio antes de dormir, como se fossem romances. Outra ótima fonte de inspiração pra mim é ler cardápios de restaurantes.  Outras fontes de inspiração pro meu trabalho são: comer em restaurantes e na casa dos amigos, visitar feiras e mercados, viajar. Viagens talvez seja o que mais me inspira, pois quando viajamos todos os sentidos ficam em alerta e você se abre mais facilmente pro novo. É fácil se acomodar e usar sempre as mesmas combinações de ingredientes quando você está em casa, mas viagens me forçam a sair da minha zona de conforto e a explorar novas possibilidades, novos ingredientes. Comidas não veganas também podem me inspirar. Adoro o desafio de tentar recriar uma textura ou sabor, que normalmente depende de ingredientes de origem animal, usando somente ingredientes vegetais. Faz trabalhar o cérebro e sempre descubro coisas muito interessantes, mesmo quando não consigo replicar a receita perfeitamente. Muitas vezes acabo criando algo completamente diferente, mas delicioso e único.


4. Nos meus anos de veganismo eu percebi que a maior barreira que as pessoas possuem contra o veganismo é a alimentação, o apego que elas tem por aquilo que comem no dia a dia, o medo do novo e a praticidade são grandes fatores que pesam nessa decisão de mudar o estilo de vida, foi por esse motivo que eu criei meu blog. Eu quero mostrar aos brasileiros que uma alimentação vegana pode ser rica nutricionalmente e muito saborosa. Sendo assim você acredita em “ativismo culinário”, ou seja, divulgar o veganismo através das suas receitas?
Claro que acredito em ativismo culinário! Afinal é isso que venho fazendo no Papacapim há quatro anos. Quando me tornei vegana acreditava, na minha grande inocência, que as outras pessoas só continuavam comendo carne porque não sabiam o que estava por trás desse ato. Então durante alguns meses militei ativamente na tentativa de converter os amigos e a família ao veganismo. A reação, como era de se imaginar, não foi das mais positivas e no final das contas ninguém se tornou vegano por causa dos artigos que escrevi, nem dos documentários que recomendei. A resposta era sempre uma variação da frase "Fiquei com pena da vaquinha, mas carne é tão gostoso..." Então eu cheguei à seguinte conclusão: a maioria das pessoas faz suas escolhas alimentares guiadas unicamente pelo estômago. Ao invés de me desencorajar, essa constatação iluminou um caminho que até então eu não tinha imaginado: ativismo  gastronômico. Pensei que se era o estômago que guiava as decisões das pessoas, então eu ia seduzi-las por aí, mesmo. Desde então a minha missão tem sido fazer comida vegana tão saborosa que onívoros sentem vontade de comer simplesmente porque é gostoso. E ao constatar que não é preciso abrir mão do prazer de comer bem pra ter uma atitude mais responsável e ter mais compaixão na hora de se alimentar, o veganismo passa a ser uma possibilidade. Então não só acredito em ativismo culinário, como acho que muitas vezes ele é o mais eficaz de todos.


5. Se você tivesse que escolher alguns ingredientes, o que não poderia faltar na cozinha do Papacapim?
Depois que me tornei vegana o número de ingredientes que entram na minha cozinha  aumentou consideravelmente, então é muito difícil escolher só alguns. Mas os essenciais são: azeite extra-virgem, cebola e alho, vinagre balsâmico, sal marinho e pimenta do reino, castanha de caju, missô e levedo de cerveja maltado. Os seis primeiros são meus temperos de base, que uso o tempo todo. Castanha de caju, missô e levedo de cerveja maltado são os ingredientes do meu queijo fermentado e eu não consigo viver sem ele. Se você permitir que eu faça uma lista um pouco mais longa dos meus ingredientes essenciais, acrescentaria: feijão, amêndoas (pra fazer leite), aveia em flocos, sementes de chia, óleo de linhaça, molho shoyo, castanha do Pará, tofu, tahina, limão, coentro e manjericão fresco. Se eu tiver isso tudo à minha disposição só preciso acrescentar legumes e frutas frescas pra fazer uma infinidade de pratos deliciosos e oferecer tudo o que o meu corpo precisa.

E uma receita pra vocês e seus leitores: hummus com abóbora.


Hummus é a coisa mais maravilhosa que já inventaram pra passar no pão. Benditos árabes! E além de delicioso e nutritivo, é naturalmente vegano. Eu vivo cantando louvores ao hummus no meu blog e anos atrás dividi a minha receita de hummus tradicional, mais uma versão com pimentão vermelho grelhado. Mas tem outra versão que adoro: hummus com abóbora (ou jerimum, como falamos no meu estado). É exatamente como um hummus tradicional, mas basta acrescentar um pouco de abóbora cozida e o sabor se transforma, ficando mais delicado e adocicado. Uma delícia! E ainda por cima a cor fica linda.

Hummus com abóbora

2 xícaras de grão de bico cozido, sem tempero
3 colheres de sopa bem cheias de tahina
2 colheres de sopa de suco de limão (ou a gosto)
1 dente de alho picado
3/4 de xícara de abóbora cozida no vapor ou assada (amasse antes de medir)
1/4 xícara de água
Sal e pimenta do reino
2 colheres de sopa de azeite
1 colher de sopa de gergelim torrado

Bata todos os ingredientes no liquidificador, com exceção do gergelim, até ficar bem cremoso. Prove e corrija o tempero (talvez você queira 
acrescentar mais limão, mais sal...). Sirva polvilhado com o gergelim e regado com mais azeite, se quiser.
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Sandra querida, muito muito muito obrigada pela entrevista, você fez uma leitora muito feliz e tenho certeza que meus leitores também irão adorar o que você escreveu. Continue nos inspirando por ser quem você é e pelas receitas maravilhosas!

Observação: As duas fotos deste post foram enviadas pela Sandra Guimarães.

Um comentário :

  1. adoro o blog da sandra, acompanho já faz um bom tempo. tb tenho um blog de culinaria saudavel.
    http://tenhasaudeveggiehoje.blogspot.com.br/

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